Pai faz parto da própria filha
Médicos do hospital não apareceram. Ao correr, desesperado, para um hospital de Brasília com a mulher grávida a gritar de dores e a dizer que a criança ia nascer, Wanderson Alves, de 33 anos, nunca imaginou passar por algo ainda mais desesperante. Após conseguir que a mulher fosse internada, nenhum médico ou enfermeiro apareceu durante horas no quarto e teve de ser o pai a fazer o parto da própria filha. Apesar de não ter contado com a ajuda de nenhum profissional nem ter qualquer experiência, Wanderson conseguiu realizar com total sucesso o parto de Yasmin, que nasceu às 6h00 com 3,05 quilos, 48 centímetros e de perfeita saúde. O caso, ocorrido no passado dia 18 no Hospital Regional de Sobradinho, na periferia de Brasília, capital federal do Brasil, só veio agora a público, após Wanderson e a mulher, Marisol Vieira Pimentel, de 27 anos, o denunciarem. O casal descreveu a repórteres locais o sofrimento e o medo que viveram depois de terem chegado ao hospital perto das 3h00 e de Marisol ser internada por uma médica, que a atendeu gentilmente mas que depressa se foi embora, por ter terminado o turno. Nas três horas seguintes, e depois dos pedidos de ajuda de Wanderson pelos corredores aos poucos enfermeiros e funcionários do hospital, nenhum médico apareceu para verificar o estado de saúde de Marisol, que cada vez tinha mais dores. Quando o parto se iniciou espontaneamente, a mãe – que já tem um filho de seis anos – apenas se lembrou de fazer força enquanto o marido, entre o desespero e a coragem, segurou a cabecinha da bebé. No último esforço da mãe, o colchão escorregou e Yasmin quase caiu de cabeça no chão do quarto, o que poderia ter tido consequências gravíssimas. No entanto, a recém-nascida foi agarrada a tempo pelo pai e tudo terminou bem. Ainda segundo o casal, a negligência dos profissionais da saúde do hospital, cujos responsáveis não aceitaram falar com a imprensa, foi tão grande que foi Wanderson quem teve de limpar Marisol após o parto pois, mais uma vez, ninguém apareceu. Mãe e filha só foram finalmente atendidas quando os médicos do novo turno chegaram de manhã.
in Correio da Manhã