Um casal de turistas holandeses foi preso no final da noite de terça-feira no Rio de Janeiro acusado de ter abandonado os três filhos pequenos num veleiro ancorado na Baía da Guanabara para irem beber com amigos. Hendrikus Petrus Maria e a mulher, Ivete Theodor Adriana, pagaram fiança e deixaram a esquadra ao início da madrugada desta quarta-feira, mas estão proibidos de deixar o Rio de Janeiro sem autorização judicial.
De acordo com o tenente Cássio Julian, do Grupamento de Patrulhamento Marítimo, GPMar, o veleiro, denominado “Duty Free”, estava ancorado a 300 metros da costa, em frente ao Iate Clube do Rio de Janeiro, na Urca, e os pedidos de socorro das crianças, uma menina com quatro anos e os dois irmãos, um com dois anos e o outro com sete meses, não podiam ser ouvidos de terra. Mas pescadores que iam para a faina e passaram perto do veleiro ouviram o forte choro dos três bebés e alertaram as autoridades.
Quando os bombeiros entraram no barco, as três crianças estavam muito assustadas e não paravam de chorar. Só se acalmaram quando chegaram ao Iate Clube, para onde os bombeiros as levaram, e uma sócia, a estilista Maria Cristina Flynn, que conseguiu fazer-se entender por elas, lhes deu comida e brinquedos.
“Foi um acto irresponsável. As crianças estavam muito assustadas. Eu expliquei depois aos pais que aqui no Brasil é crime deixar crianças pequenas sozinhas, seja num apartamento ou num veleiro”, declarou a estilista. Graças a ela, a única que conseguia fazer-se entender pelas crianças, estas daí a pouco já estavam a brincar com outros menores, filhos de sócios do clube.
Os pais dos três bebés, chegaram mais tarde, mostrando-se bastante assustados com a presença de bombeiros, polícias e muitas outras pessoas e não entendendo a razão de tudo aquilo. Hendrikus declarou aos agentes da esquadra especializada em atendimento a turistas que não viu qualquer problema em deixar os filhos trancados na cabina do veleiro, já que as crianças tinham ficado com um rádio transmissor e ele com outro.
Segundo ele, se houvesse algum problema, as crianças sabiam como manusear o rádio e chamá-lo, o que, na prática, não aconteceu. Com fome e vendo-se sozinhas no barco, ainda mais rodeadas pela escuridão, as crianças não tiveram condições de pedir aos pais que voltassem e fizeram aquilo que qualquer outra criança daquelas idades fariam começaram a chorar mostrando todo o seu desespero. A justiça brasileira entregou a guarda provisória das crianças ao consul da Holanda no Rio, que as entregou aos pais sob sua responsabilidade, depois de assinar um termo na esquadra. O casal depois de pagar a fiança foi autorizado a regressar ao barco mas vai ter que aguardar a tramitação do processo na cidade, não podendo deixar a capital carioca.
in Correio da Manhã
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