quarta-feira, 14 de maio de 2014

Refugiada do Mali dá à luz quadrigémeos após caminhada pelo deserto

Refugiada do Mali dá à luz quadrigémeos após caminhada pelo deserto 

Tahri já sentia que a gravidez era diferente mas nunca imaginou juntar aos seus seis filhos mais quatro.  

Cansados da guerra e da insegurança, o fazendeiro Massaya Ag Iliyass e a sua mulher, Tahri Walet Tokeye, costureira, pegaram nos seis filhos e abandonaram a sua cidade no Mali. Na longa caminhada, atravessando o deserto, a mulher deu à luz quadrigémeos no campo de refugiados Mbera, na fronteira com a Mauritânia. O conflito entre o governo do Mali e os rebeldes tuaregues já durava há sensivelmente dois anos quando o casal se viu obrigado a deixar para trás a terra onde nasceu. Numa manhã de janeiro de 2014 fizeram-se à estrada, a pé, com os seis filhos. Três já caminhavam mas, os outros três eram ainda bebés de colo. Se não fosse o burro emprestado pelos vizinhos, a viagem de cinco dias e cinco noites teria sido ainda mais difícil. Valeu o animal para transportar os poucos bens da família e as crianças. "Foi um caminho longo e cansativo", contou Massaya, o pai da família, à BBC. "Tínhamos de caminhar devagar para evitar o cansaço", explicou. A família não estava só. Lado a lado e com o mesmo destino, o campo de refugiados Mbera na fronteira com a Mauritânia, cerca de 15 mil pessoas abandonaram as suas casas em janeiro. As condições com que se depararam quando chegaram ao destino final não podiam ser piores. Para além de estar lotado, no campo de refugiados não havia água nem comida suficiente para os 60 mil refugiados que o preenchiam e que tentavam sobreviver aos 50 graus que se abatiam no deserto. Ainda antes de abandonar a sua cidade natal, a mãe da família, Tagrhi percebeu que estava grávida e sentiu, desde o início, algo diferente nesta gravidez. "Eu conseguia sentir que estava maior, sabia que esta gravidez mas não era como as outras [gravidezes]", esclareceu. Já em Mbera fez uma ecografia e percebeu o que sentia de diferente, não estava grávida de um bebé mas sim de quatro. A notícia foi recebida com alegria e entusiasmo pela família e pelos médicos do campo de refugiados. "Nunca, em toda a minha vida, tinha acompanhado uma gravidez de quadrigémeos", conta Kasonga Cheride, dos Médicos Sem Fronteiras. A gravidez não foi fácil e o parto muito menos. Dois nasceram de parto natural, mas os outros dois, que não estavam na posição certa, nasceram de cesariana. Três meninos e uma menina. Os quadrigémeos nasceram às 35 semanas de gestação, menos cinco do que é normal, com pesos entre 1,8 e 2,4 quilos. Hoje, as crianças estão de boa saúde. Continuam a viver em Mbera e são seguidas atentamente pelas equipas médicas que prestam cuidados clínicos aos mais de 60 mil refugiados.

in Correio da Manhã

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