segunda-feira, 6 de junho de 2011

Venezuelanos têm Magalhães

Presos venezuelanos têm computadores Magalhães


É uma imagem insólita num local ainda mais insólito. Repórteres do New York Times visitaram uma prisão venezuelana dominada por um narcotraficante e lá encontraram um pouco de tudo, desde drogas a metralhadoras, passando pelo portátil português Magalhães.
Imagine uma prisão em que os detidos mais poderosos impõem a lei, onde qualquer pessoa pode entrar para uma visita (até turistas), onde as armas automáticas circulam ostensivamente e onde as tardes são passadas à beira da piscina, a beber álcool e a comer grelhados, entre frequentes contactos sexuais e o consumo de drogas.Esta prisão existe. Fica em San António, Ilha Margarita, Venezuela, e foi visitada por repórteres do New York Times cujo trabalho merece lugar de destaque na edição online este sábado, 3 de Junho. A penitenciária é dominada pelo gangue armado do narcotraficante Teófilo Rodríguez, mais conhecido por El Conejo, que impôs um clima de terror e liberdade, violência e hedonismo sobre detidos e guardas prisionais.Os homens de El Conejo, tatuados com o famoso coelho da Playboy na cara ou no pescoço, patrulham a prisão empunhando AK-47, Uzis e outros modelos de arma automática, enquanto o chefe cumpre uma pena onde a privação não existe. Durante a visita do New York Times, El Conejo é entrevistado enquanto come ostras arranjadas pelos seus guarda-costas.Os detidos de ambos os sexos, pese embora a submissão ao narcotraficante, gozam de uma invulgar liberdade. Podem receber a visita de familiares, namorados, turistas, jornalistas ou dos muitos venezuelanos que se deslocam à prisão para comprar droga - é esse o motor da economia da prisão de San António. Ao fim-de-semana, são frequentes as festas ao som do reggaton, populares entre os habitantes da Ilha Cristina. Regadas a álcool e à beira da piscina, com a presença constante de droga e sexo.A prisão onde tudo parece ser possível - menos a fuga - atrai igualmente tudo o que seria impossível numa penitenciária normal. A reportagem do New York Times foi filmada com uma câmara digital de um detido. E no meio da peça, eis que surge um portátil Magalhães. Os computadores fabricados em Portugal, e conhecidos na Venezuela como Canaima, chegaram ao país sul-americano através de um acordo entre os Governos de Hugo Chávez e José Sócrates. Só em 2011, pelo menos 300.000 unidades seguiram para Caracas. Tal como em Portugal, o portátil lowcost é destinado ao ensino. Mas tal como tudo o resto na prisão de San António, a regra é outra.




in Sol

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