sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

A incrível (mas verdadeira) história do serial killer que nunca matou ninguém

A incrível (mas verdadeira) história do serial killer que nunca matou ninguém

Sture Bergwall, anteriormente conhecido como Thomas Quick, no hospital psiquiátrico de Säter nos arredores de Estocolmo. Foto: Andy Hall para o Observer
Sture Bergwall, anteriormente conhecido como Thomas Quick, no hospital psiquiátrico de Säter nos arredores de Estocolmo. Foto: Andy Hall para o Observer
Quando ouvimos falar num serial killer, a primeira coisa que vem à cabeça é a ideia de uma pessoa que matou muita gente. A história, verdadeira, que vos trago a seguir vai deixar-vos intrigados. Afinal o personagem principal dela é um serial killer que, na verdade, nunca matou qualquer pessoa.
Nascido em 1950, Sture Bergwall, também conhecido como Thomas Quick, o nosso “personagem” bizarro é ainda conhecido, pelo menos pela imprensa sueca, como Hannibal Lecter – um apelido que, convenhamos, não é dos melhores. Bergwall é considerado o serial killer mais famoso da Suécia, e foi obrigado a viver num hospital psiquiátrico a partir de 1991.
Condenado por oito homicídios, Bergwall já assumiu ser responsável por mais de 30 mortes: em julgamento, disse ter matado homens, mulheres, crianças e praticado atos de canibalismo e estupro. A verdade, porém, é que ele nunca fez nada disso.
Filho de pais extremamente rigorosos, Bergwall cresceu num ambiente familiar hostil e sem a atenção devida. Aliado a isso está o fato de que, durante anos, foi obrigado a esconder o fato de ser homossexual para não arranjar ainda mais problemas em casa.
Na adolescência, Bergwall começou a usar anfetaminas. Daí para frente as coisas ficaram fora de controlo, e as primeiras acusações contra o jovem eram relativas abuso sexual e assalto – já que ele tentou roubar um banco usando uma roupa de Pai Natal.
Depois de ser internado pela primeira vez em um hospital psiquiátrico, Bergwall começou a planear uma maneira chocante de finalmente lhe darem atenção. Dedicado, ele gostava de passar oseu tempo livre numa biblioteca dentro do hospital, onde começou a pesquisar a respeito de assassinatos não resolvidos.
Com a ajuda de livros e recortes de jornais, Bergwall criou uma história digna de um argumento de filme de terror e decidiu dar-se como o culpado por todos aqueles crimes. A sua primeira atitude foi responsabilizar-se pelo assassinato de um menino de 11 anos, desaparecido na década de 80 e que nunca foi encontrado.
Na confissão, o “assassino” disse ter estuprado e estrangulado o garoto, além de ter comido os seus dedos e enterrado o corpo no meio deuma floresta. À medida que a imprensa começou a cobrir as declarações sombrias de Bergwall, ele empolgou-se e começou a responsabilizar-se por outros assassinatos não resolvidos. Graças às pesquisas que havia feito (nos livros e jornais na biblioteca), as suas declarações pareciam verdadeiras num primeiro momento, o que o levou a enganar jornalistas, policias e cidadãos de todo o país.
Condenado por oito crimes hediondos, Bergwall acabou por se tornar uma das pessoas mais famosas do seu país. Acontece que, no final das contas, todas as declarações feitas por ele não passavam de mentiras e, como toda mentira, tinham algumas lacunas e declarações que não batiam certo.
Ao confessar ser o responsável pelo homicídio de Therese Johannessen, uma menina de apenas nove anos, Bergwall disse que ela tinha cabelos louros quando, na verdade, ela era morena. Já sobre o assassinato de Yenon Levi, em 1988, ele apresentou versões diferentes relativamente à arma usada a 4 jornalistas diferentes. Os especialistas recolheram amostra de esperma no corpo de uma das suas “vítimas” e, depois de analisarem o material, descobriram que o DNA não era de Bergwall.
O “assassino” deu inclusive detalhes a respeito de onde havia enterrado as suas vítimas e mesmo as buscas mais profundas não encontraram qualquer vestígio que comprovasse o que Bergwall havia afirmado. As informações dadas por ele não batiam com as investigações policiais, ainda assim ele foi condenado por fazer tais confissões.
Intrigados com as declarações de Bergwall, que estava sob efeito de fortes medicamentos psiquiátricos, os médicos e a polícia decidiram cortar os remédios e ouvir novas declarações do jovem sem o efeito de qualquer droga. Sem os medicamentos, ele parou de prestar declarações malucas e de dizer que se chamava Thomas Quick.
O cineasta sueco Hannes Rastam interessou-se pelo caso e, graças às pesquisas que ele fez, a história foi ficando cada vez mais clara. Ele conseguiu provar que Bergwall não era culpado de nenhum dos oito crimes pelos quais havia sido condenado, o que ajudou a tirá-lo do hospital psiquiátrico em março de 2014, depois de 23 anos de internamento.
in Arco da Velha

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