Macacos aumentam abandono escolar em Moçambique
Um número considerável de alunos que frequentam escolas no posto administrativo de Nhangau, arredores da cidade da Beira, província moçambicana de Sofala, decidiu abandonar as aulas para se dedicarem a afugentar macacos das machambas (hortas) familiares.
Segundo residentes do posto administrativo de Nhangau, os alunos estão a desistir das aulas com o objectivo de proteger a produção familiar.
Em Moçambique, cerca de 80 por cento da população, estimada em 21 milhões de habitantes, residem nas zonas rurais, sobrevivendo da prática da agricultura rudimentar.
Os residentes daquela província referem que a sua produção agrícola está em risco e as crianças ficam prejudicadas por "gazetarem" constantemente às aulas para afugentarem macacos.
"Há problemas de macacos que destroem culturas nas nossas machambas, principalmente as de mandioca e maçaroca. Além disso, não podem sair de casa todos os membros da mesma família, porque estes macacos ficam a fazer estragos. Por isso, lançamos um grito de socorro aos governantes", disse Almeida Gude, um dos residentes da região de Tchondja, em Nhangau.
Segundo o jornal 'Notícias', de Maputo, a intervenção de Almeida Gude foi reforçada por outros residentes que, igualmente, afirmaram que o assunto já foi abordado com a representação do estado na Beira.
José Manuel, que também reside na região de Tchondja, em Nhangau, disse que a situação tem contribuído negativamente para a segurança alimentar naquele posto administrativo e o baixo aproveitamento escolar.
"Dizem que não podemos abater sem autorização do Governo os animais selvagens que nos ameaçam, assim, nós, o povo, é que saímos prejudicados. Afinal, entre os macacos e a população, quem é mais importante?", questionou José Manuel.
Por seu lado, o director dos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologias da Beira, César Campira, assegurou que o sector de Actividades Económicas tem trabalhado com técnicos da área de Floresta e Fauna Bravia "para garantir o afugentamento de macacos".
in Correio da Manhã
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