sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Auro-estima versus Notas


Alunos que chumbam têm auto-estima mais alta do que os que passam com notas baixas


Os estudantes que nunca chumbaram, mas durante o ano lectivo tiram más notas, têm habitualmente uma auto-estima mais baixa do que os alunos que já reprovaram, revela um estudo realizado pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA).
O professor do ISPA Francisco Peixoto coordenou um trabalho de investigação junto de adolescentes portugueses para tentar perceber o efeito do insucesso escolar nos níveis de auto-estima.
“Quando comparamos alunos que nunca repetiram ano nenhum com alunos que têm pelo menos uma repetência verificamos que têm níveis de auto-estima semelhantes”, contou à Lusa Francisco Peixoto.
Isto porque, perante o insucesso escolar, os estudantes têm tendência a investir noutras áreas do auto-conceito para conseguir manter uma imagem positiva de si próprios. “Quando o auto-conceito académico é mais baixo, acabam por compensar isso com outras áreas como a das relações sociais, do desporto ou das relações interpessoais com o sexo oposto”, explicou o investigador.
De acordo com a investigação, a redução da auto-estima acontece apenas na primeira vez que reprovam.
“O que marca a diferença é terem repetido um ano. Depois, a 2ª ou 3ª repetência é indiferente porque o auto-conceito académico já estabilizou e não baixa muito mais”, refere.
Afinal, quem tem a auto-estima mais em baixo são os alunos que nunca chumbaram, mas vivem durante o ano lectivo a possibilidade de tal acontecer.
No caso dos estudantes “que durante o ano tiveram duas, três ou quatro negativas e, depois, conseguem passar, pode haver uma tendência para baixar a auto-estima. A aproximação de um eventual insucesso provoca uma diminuição na auto-estima global, por achar que se calhar vai falhar”, disse à Lusa o professor do ISPA.
Estes alunos, ao contrário do que acontece com os que reprovam, sentem que pertencem à escola e consideram que a educação é importante. Dão valor às notas e aos resultados.
Nos casos em que os jovens não conseguem lidar com o insucesso e mantêm a auto-estima baixa a situação pode tornar-se preocupante. O investigador lembra que a depressão está associada a níveis baixos de auto-estima e que, nestes momentos, a família desempenha um papel importante, porque “pode ter um efeito amortecedor”.
À família cabe a responsabilidade de fazer perceber ao jovem onde estão as causas de insucesso e de o “fazer ver que há outros aspectos na vida que são igualmente importantes”.
“Na adolescência, a escola ocupa grande importância e o facto de estar mal na escola pode ser compensado por outras áreas da vida. Claro que se aprenderem a lidar eficazmente com a situação, acabam por se tornar mais adaptados”, defendeu o investigador, que na quinta-feira vai apresentar o estudo no ISPA, durante a conferência “A construção do auto-conceito e da auto-estima na adolescência”.
in Arco da Velha

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